quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Tolo
Que se oprime e não se expressa
Empunha o teu canto e não cessa
E venha ser minha amiga.
Sempre há o que ser dito
Sempre há um dito a dizer
Em palavras tantas omito
A poesia deste tolo aflito
E me rendo ao seu poder.
Queria ser bem piegas
Queria te trazer a lua
Queria que houvesse uma estrela
Que fosse apenas minha e sua
É mais fácil dizer o que se sente
Quando nada nos reprime ou nos ata
Declarar seu amor uma vez não mata
Só o exalta e o faz veemente.
Gustavo(Chicaum)
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Inerte
a lágrima seca
do meu vazio
Meu olhar é perdido
em um canto qualquer
do teu sorriso
De olhos fechados
te sonho
te adoro
viajo
A chama se acende
e em silêncio
crepita
A tua voz transcende
faz-me quente
acaricia
Do que sei sou teu
o resto
é só poesia.
Gustavo (Chicaum)
domingo, 15 de junho de 2008
Violada
Estremece ao doce calafrio
Suave prazer que me enlouquece
Embevece meu corpo de delírio
Teu corpo nu ao sol de primavera
Teu cabelo difrata o raio que me banha
Pictórico painel de uma quimera
Traz prazer da mais profunda entranha
Nata da minha vil esperança cerceada
Infindo anseio e desvario me consomem
Por refazer de ti virgem imaculada
A mirada pura de criança adocicada
Que aprazia ao varonil calor do homem
Pervertida já se enleva malograda.
Gustavo (Chicaum)
esse é a continuação de:
http://chicolandia.blogspot.com/2008/03/soneto-do-lago.html
sábado, 7 de junho de 2008
Rumo sem vida ou vida sem rumo?
Contra minha contra-inspiração
Da vida morta e fria
Do meu gelado coração.
Belos prazeres a viver
Momentos de alegria e amor
Recordações então garantidas
Para um desfecho feliz e sem dor
Grandes árvores de concreto
Cheiro da fumaça campestre
O leite ordenhado do pacote
Os amores puros da Internet
"Vivo a vida" a minha maneira
Sem volta ao mundo ou cachoeira
Sem querer gastar o tempo "enquanto tem"
Sigo o meu caminho em linha reta
Obedeço o que minha mente decreta
Sem me punir e ter inveja de ninguém.
Gustavo(Chicaum)
sábado, 10 de maio de 2008
A Minha Vozinha
Toda criança espera avidamente por datas como o Dia das Crianças, Páscoa, Natal, Aniversário. Até certa idade a inocência carrega consigo uma magia , na qual a criança sonha em ganhar um presente, ter uma festa, um bolo bonito do seu personagem de desenho favorito, que, dizendo-se de passagem, mudou muito nos últimos anos, pois crianças não tem mais festinhas e sim super-produções em salões de festas em que praticamente não há interação e proximidade entre as crianças, apenas uma diversidade de aparelhos eletrônicos que enchem os olhos e fazem a magia da mente infantil se perder. Duvido que as crianças hoje sentem no chão pra assistir e rir das brincadeiras de um humilde palhaço. Porém, ainda devem haver pais que não se tenham corrompido. Agora, dependendo da criação (que não depende apenas dos pais, mas também dos amigos com quem convive) a criança está sempre buscando ganhar e ganhar e ganhar, pouco ligado para o que já obteve. É o Playstation 3, Weee, isso, aquilo. Quando eu era pequeno eu queria um trenzinho grande que vinha com trilhos e você andava em cima dele dando voltas no meio da sua sala. E comparativamente era muito mais barato que um vídeo game. Ou seja, você sonhava com aquilo, não era uma "coisa" que você queria ter, era um verdadeiro presente, daqueles que você continua gostando depois de ganhar o próximo.
Outra coisa que me incomoda bastante não é em si o fato de as pessoas ficarem tristes ao se lembrarem de um ente querido que já se foi e deixou saudade e sim o fato de ficarem mais tristes perto da data. Qual é o sentido disso? Essas pessoas não se questionam? Não que não tenham direito, o problema é que isso é bastante prejudicial tanto à própria pessoa quanto aos que estão ao seu redor. "Bom, estou me sentido mal, posso ficar doente por causa disso e estragar o descanso dos meus familiares, então vou pensar racionalmente e perceber que não adianta ficar triste e sim lembrar de todas as situações boas e felizes que a lembrança permite". Eu acho que estou querendo um mundo perfeito... Eu imagino o quão triste deve ser perder uma mãe, um pai, que no início deve ser a pior dor do mundo. Mas, analisando friamente, não tem volta e portanto tenho de aceitar. A pessoa não iria querer que você sofresse por ela. Que tal esquecer todos os momentos finais que renderam muitas lágrimas e lembrar da convivência?
Minha avó está em paz e a amo muito mesmo, muuuuito. Porém não quero lembrar de sofrimento, de momentos ruins e sim dos banhos de bacia que ela me dava quando tinha 5 anos. Do sorriso terno, da gargalhada feliz, da bicicleta vermelha que me deu, dos bolinhos de chuva! Que essa lágrima que [realmente] acaba de pingar no teclado seja uma lágrima doce de uma pessoa feliz que guarda belas lembranças da agradável senhora que me fazia rir e me sentir seu netinho.
Quanto ao querido "Seu Zé", que todo essa angústia seja revertida a uma força que o sustente forte por muitos e muitos anos. Que meu avô perceba que tudo que ela mais queria era sua felicidade e não seu sofrimento, pois este já houve de sobra. Rendo então esta homenagem em forma de desabafo a minha vozinha que amo tanto não porque amanhã é Dia das Mães, nem porque meu avô passou mal e sim porque há tempo não expunha o que sinto da forma que mais me agrada; escrevendo. Deus os abençoe.
Natália Fonseca Ramos dos Santos [1916 - para sempre].
Gustavo (Chicaum)
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Malogrado
sorrisos mais doces
mais beijos mais amores
Sobram-me momentos
deletérios mais reclusos
que se cevam de contusos
e obtusos sentimentos
De nada me inspiram
concreto e advento
engenhosos inventos
que a vida facultam
A noite e a lua atiram
flechas cupido ao sereno
reservadas ao mais atentos
que na madrugada se exultam
Não me agrada a paixão
que sem olhar se faz tesão
e já tão breve é saciado.
Dum sim-e-por-que-não
que não faz brisa nem verão
só mais um coito irrecusado.
Gustavo(Chicaum)
domingo, 23 de março de 2008
Soneto do Lago
Oculta teu olhar intenso e terno
De morango tua boca tem gosto
Em teu gosto eu me sinto eterno
Saboroso vinho se faz do mosto
Revela por fim da veste a perdição
Embaralha-se ardente a mim arrosto
Entregue arrouba em cabal rendição
O vento brando agita o lago a eito
Enquanto ao seu leve toque deliro
E as ondas nos embalam o deleito
Embriagada jaz sobre meu peito
Em volúpia me aquece teu suspiro
E teus meandros encontram o leito.
Gustavo (Chicaum)
OBS: peço licença para usar deleito ao invés do correto deleite =). senão ferra tudo...
sábado, 22 de março de 2008
Reflexão #02
Entropia é um conceito bastante estranho que se estuda na física. É a grosso modo o
Você já parou pra pensar como é mais difícil alguém confiar que desconfiar? Você já
Todo mundo conhece o clichê "achar o caminho da felicidade". Por que é tão difícil?
O amor é outra coisa estranha, mas isso todo mundo está cansado de saber. O casal
O "bem" e o "mal", o preto e branco (sem conotações raciais), o amor e o ódio, o
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Reflexão #01
É de grande pesar que a fé e a crença das pessoas em geral estejam se diluindo em conjecturas duvidosas. Todos temos o direito a questionar sobre quem somos, de onde viemos, pra onde vamos e tudo o que ocorre em nossas vidas.
Mais vale uma senhora de rosto bondoso levando seu netinho à igreja para rezar para Papai-do-céu do que mentes céticas, que ao invés de se limitarem a sua própria falta de perspectiva, põe-se a confundir e iludir mentes fracas e ignorantes que se agarram à primeira coisa que que lhes faz sentido e lhes dá segurança, seja por vias de lógica ou por elaborados sofismas.
Cada um tem o direito a seguir aquilo que acha certo, pois não há um “certo”. Caso haja, não se pode provar. O que eu não aguento mais e me deixa aflito é a puxação de tapetes. Se uma pessoa não quer ter uma religião, ótimo. Se quiser acreditar numa força maior, em Deus, Alá ou em politeísmo, ótimo. Ou então cultuar imagens, enfim, tudo o que se possa imaginar, é o desejo íntimo de cada um. O problema é que as pessoas não conseguem guardar suas idéias pra si. Religião não se discute. Por quê? Porque para cada pergunta existem centenas de respostas. Debates fazem as pessoas reavaliarem suas convicções, trocarem idéias, mas em geral só deixa tudo mais confuso. Por que não deixar as carolas bondosas que não fazem mal a ninguém quietas na igreja, os cultos evangélicos que estão sempre cheios se realizarem conforme as pessoas querem, enfim, todos quietos no seu canto? Mas não é o que acontece. Ataques verbais são comuns. Quando eu “possuía” um religião, ou seja, estava feliz com minhas convicções, tentaram me converter a todo custo à outra. A idéia é evangelizar que não tem religião, certo? Legal. Encheram-me tanto que ao invés de mudar acabei optando por nenhuma. Esse é um exemplo do processo de desevanlização, que está ocorrendo com cada vez mais frequência. É igual àquelas brigas que as pessoas tentam falar mais alto, gritar, para que ouçam seu ponto de vista. Há pessoas que cansam de gritar e simplesmente se afastam; eu e muitos outros. Mas a idéia não era falar de mim. Eu fui um mero exemplo.
Finalmente, tem uma religião que eu detesto com todas as minhas forças: A guerra. Seu ideal é a paz através conflito. A fé é a pontaria e a graça obtida é a morte. Destoante das demais, não? Por que eu acho que a guerra tem aspecto religioso? Porque como em todas as outras religiões desejam-se paz, saúde, segurança, etc... A grande diferença é que nas outras há piedade, ou seja, deseja-se pelo bem de todos e na guerra deseja-se a morte dos demais para o próprio bem. Morrer pelo próprio país? Para quê? Somente para não deixar nenhum dos seus morrerem para o bem dos outros. Somente para isso. É defensivo de ambas as partes. Não é para conquistar e sim para não perder. Todo mundo vê mas não enxerga. Que decadência.
Gustavo (Chicaum)
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Rumo
Num copo meio vazio
E já não sei de qual bebo
Já estou cheio desse vazio
Desse quente-morno-frio
De viver num ponto cego
Não me drogo, não bebo
Será esse o segredo
Pra chutar balde de vidro?
Acho mesmo que devo
Sangrar em cada erro
E descobrir pra que sirvo.
Gustavo (Chicaum)
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Mulheres
Outras de carro importado
Algumas gostam do olhar
Outras de um corpo sarado
Alguma são românticas
Outras só têm tesão
Algumas são inverno
Outras são verão
Algumas logo se derretem
Outras já começar a rir
Pois algumas delas são frias
Outras têm vergonha de admitir
Algumas são arco-íris
Outras são trovão
Algumas são brisa
Outras furacão
Algumas te dão abraço
Outras te dão a mão
Algumas te devoram
Outras querem atenção
Algumas te dão amasso
Outras dizem não
Algumas até demoram
Outras abrem o coração
Algumas são lindas
Outras são simpáticas
Algumas são ambos
Outras são apáticas
Algumas são elegantes
Outras são vitrine
Algumas são conversa
Outra só desfile
Algumas são sorriso
Outras sedutoras
Algumas são doces
Outras assustadoras!
Algumas são graciosas,
naturais e divertidas
Outras se escondem
Ou então são exibidas
Algumas são beijo
São carinho, são paixão
São amor, são desejo
Outras são só mulheres.
Gustavo (Chicaum)